Review: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - The Beatles (1967).

O primeiro álbum que marcou as nossas vidas a gente nunca esquece. É como aquelas pesquisas em que mostram nossas sensações ao lembrarmos dos sabores e cheiros de nossas infâncias, não é mesmo?! E se você, assim como eu, sente a música com a alma, com certeza vai se lembrar da sensação que é ouvir ou tocar naquele disco daquela banda que nos marcou. E hoje, vou mostrar para vocês não só grande parte da minha adolescência vivida com os Beatles, mas um álbum revolucionário para a história da música.

Estamos falando de nada mais, nada menos que "Sgt Pepper's Lonely Heart Club Band" dos Beatles, lançado em 1967. Os anos 60 foram palcos para grandes movimentos revolucionários e novas ideologias. Essas novas evoluções que o mundo apresentava, foram registradas até na capa do álbum, onde podemos encontrar figuras marcantes como: Marilyn Monroe, que morreu em 1962; Karl Marx, cujas ideias ajudaram no conflito ideológico da Guerra Fria; Bob Dylan, que em 1959-60 ingressou de vez na música folk; e temos até a versão mais nova dos nossos garotos Beatles, vestidos em seus devidos ternos, enquanto os mesmos posam de outra forma e em outro estilo bem no centro do disco. Se fizermos uma análise de todos que fazem parte do álbum, teríamos um resumo de como foi os anos 60. Incrível, não?

A faixa de estreia é "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band", com uma verdadeira apresentação. A música, ou o prelúdio, nos monta um cenário circense. E para falar a verdade, esse foi a real intenção. Todas as faixas do disco tem uma característica de delírio. Contudo, a faixa logo em seguida, chamada "With A Little Help From My Friends", acaba se tornando uma contradição dessa sensação de ilusão que nos foi apresentado. Trazendo uma história bem bonita sobre amizade, a música foi regravada por vários artistas, incluindo Joe Cocker, que por sua vez nos marcou com a abertura de Anos Incríveis, certo?

     

Para retomar aquela primeira sensação, a banda lança a terceira música do álbum: "Lucy In The Sky With Diamonds", que trabalha com uma nova forma experimental que a banda nunca antes abordou. Inclusive, o álbum apresenta um espetáculo fictício feito pela banda do Sgt Pepper's. Tal ideia deu espaço para os Beatles trabalharem com outra forma de musicologia: o experimental. Todo o álbum foi montado com a ajuda de um engenheiro e uma orquestra enorme. Algo que a banda nunca havia mostrado ao público.

Seguindo para "Getting Better", uma das minhas faixas preferidas do álbum, traz uma harmônia muito gostosa para toda essa esfera que eles criaram. No instrumental, não há nada de novo. Porém, sinto que com o progredir do cd, esse equilíbrio vai se desvencilhando como encontramos em "Fixing a Hole" e "She's Leaving Home", que são contrastantes com a sensação de um espetáculo de diversão. A composição das músicas da banda do Sgt. Pepper são completas e trazem uma lição muito importante, como em "She's Leaving Home".

Já em "Being For The Benefit Of The Mr. Kite!", o experimental fica mais perceptível ainda. A voz duplicada, o instrumental misturado, até aquele fundinho de macabro com o piano bem no meio da música nos provoca uma sensação nova. É com certeza, a minha favorita até agora!

"Within You Without You" é uma das faixas mais longas do álbum. A sua performance oriental, retoma o que falamos sobre engenharia do som e o experimental. É uma faixa mais marcante pelo instrumental do que por sua composição de fato. A próxima, "When I'm Sixty-Four", não faz ligação com a música que a antecede, e sim com a atmosfera teatral do álbum.


Eu não sou nenhuma musicóloga, mas percebemos muito a marca antiga dos Beatles em "Lovely Rita", é a única música do álbum que se aproxima de músicas dos seus outros álbuns anteriores. E depois de algumas pesquisas, encontrei curiosidades interessantes sobre essa faixa em particular. Vocês sabiam que parte do efeito sonoro da música foi feito com um papel e um pente por Paul, John e George? Sim, para imitar o efeito de um chocalho.

"Good Morning Good Morning" dessa vez, se memoriza pela marcante bateria de Ringo. Além disso, os sons de galinhas e etc, foi porque o John se inspirou em um comercial do serial Kellog's. Os especialistas dizem que a fusão do cacarejo com a guitarra é uma forma de sermos transportados da fazendoa para o teatro. (WTF)

Na penúltima música há uma reprise de "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band", só que dessa vez a banda está se despedindo de seu público, logo introduzindo a última música do show: "A Day In The Life", que é na verdade a junção de duas músicas. Como isso é possível? Podemos perceber pelo começo lento em que Lennon canta, e vai progredindo para um som sem sentido (?), como se estivéssemos regredindo no tempo e então um despertador toca, e dali a música começa de uma forma diferente na voz de McCartney. A experiência com as drogas foi uma inspiração tanto para John quanto para Paul.

Em 2017, o álbum completa 50 anos, porém a sua revolução também faz aniversário. Desde que "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" foi lançado, a música dos Beatles nunca mais foi a mesma. A sua forma de fazer arte através desse álbum foi muito significante para outros artistas que vieram depois dos anos 60. E quando estamos ouvindo, é como se entendêssemos, além do impacto cultural, toda a história do mundo de forma resumida. Foi quase como uma consolidação. Não tenho dúvidas do enorme legado que esse álbum deixou para a história da música. Beatles provou seu lado revolucionário, e não comercial que era uma imagem que sempre tivemos da banda. Viva Sgt. Pepper e todos os corações solitários pelo mundo!